"Ao ser o que somos, o somos na linguagem"

Centenário de Jorge Amado

21-02-2012 23:18

Projeto de Lei da Câmara 904/2011 pretendia instituir o "Ano Nacional Jorge Amado":

 

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Ojuobá - No Céu, os Olhos do Rei... Na Terra, a Morada dos Milagres...
No Coração, Um Obá Muito Amado!
(Mocidade Alegre - 2012)
 

 

Desenvolvimento do Enredo

Setor 1

Ojuobá... Os Olhos do Rei - Evocação a Xangô!

Setor 2

Dos Braços de Yemanjá às Ladeiras da Lendária Bahia... O Negro é Livre!

Setor 3

Na "Tenda dos Milagres" um Grito de Justiça e Igualdade

Setor 4

O Afoxé e a Corte do Congo - O Encontro do Sagrado e do Profano na Bahia de Todos os Santos

Setor 5

Obá de Xangô Pelas Mãos de Mãe Senhora... Um Obá Muito Amado!

Sinopse do Enredo

Sob a luz do carnaval, o G.R.C.E.S. Mocidade Alegre pede agô às forças celestiais para mostrar, em forma de poesia, não um resgate, mas sim a plenitude de seu orgulho de ser descendente da cultura afro-brasileira.
Para tanto mostraremos em desfile, através da obra predileta de Jorge Amado - Tenda dos Milagres - um viés da tradição dos Ojuobás, os representantes de Xangô que buscam a justiça na Terra.
Rufem os tambores... Que se cumpra a profecia de Ifá para o mundo novo: nascer, crescer e se misturar!
Axé, Morada do Samba!
No Céu, os Olhos do Rei...
- Kaô, meu pai... Justiça, meu pai Xangô! Justiça aos teus filhos, tirados do seio da Mãe África e levados a força para esta terra distante!
Olhando para o céu, com a fé ardente de quem conhece o axé, assim clamou um Ojuobá - os "Olhos do Rei", evocando Xangô... Orixá da justiça... Senhor do fogo... Rei dos raios e dos trovões... Guardião da verdade!
- Venha, meu pai... Venha olhar por teus filhos, feitos escravos e sedentos da tua justiça e da tua verdade!
Num gesto de amor e proteção ao seu povo, Xangô apontou seu oxé em direção a uma terra virtuosa e selvagem, faceira e promissora, repousada do outro lado do mar de Yemanjá, a sua mãe. Xangô ordenou paz e liberdade ao seu povo, o povo negro... Afinal, não poderia haver injustiça... Não nesta terra de todos os deuses, de todos os santos, de todas as raças...
E assim se fez... Pelas armas de Xangô, finalmente o negro é livre... Liberdade ao povo do Rei de Oyó!
Bradou orgulhoso e triunfante o Ojuobá, com a força dos vitoriosos:
Kaô, Xangô...
Kaô, meu pai...
Kaô Kabecile!
Na Terra, a Morada dos Milagres...
Foram-se os grilhões... Ficou o preconceito! De que adianta a liberdade, sem a igualdade?
Mais uma vez um Ojuobá rende seu clamor a Xangô, pedindo a igualdade de valor para um povo mestiço, que é resultado de mistura de raças e de fé, que encontrou no Brasil um braço forte e na Bahia o seu recanto. E, mais do que nunca, a gente mestiça se vê desejosa de livrar-se das amarras do preconceito.
E assim, Xangô age em defesa do seu povo ao guiar a mente de um escritor que fez de sua obra uma grande exaltação a mestiçagem, à tradição popular e a cultura negra. Seu nome: Jorge Amado!
Em suas obras, Amado nos apresenta uma Bahia de pele morena. Uma gente que faz das ruas de São Salvador o palco onde desfilam mistérios que só se encontram naquele pedaço da África no Brasil. De onde vêm esses mistérios, ninguém sabe. Dos batuques do candomblé? Dos saveiros do cais? Das igrejas? Do mercado? O literato da alma brasileira recomenda que não se tente decifrar os segredos da cidade, pois seus mistérios envolvem por completo o corpo, a alma e o coração dos baianos. Amado nos apresenta uma baianidade singular e exótica, com docilidade, ritmo, sensualidade, feitiço, afetividade, capoeira e, claro, o candomblé.
Mas foi cumprindo os desígnios de Xangô, justiceiro do povo negro e mestiço, que Jorge Amado escreveu aquela que se tornaria sua obra predileta: Tenda dos Milagres!
Tenda dos Milagres é uma gráfica localizada no Pelourinho, lugar onde um certo negro, amigo de um Ojuobá, pintava milagres católicos por encomenda. Porém, o local era também palco de candomblé e da capoeira de Angola. O livro é um grito pela justiça social e pela igualdade contra o preconceito racial e religioso. Abriu caminhos e quebrou preconceitos. Tem por base o orgulho pela miscigenação, responsável pelo surgimento da verdadeira "cor do Brasil", nos deixando uma importante mensagem: Há de nascer... Há de crescer... E há de se misturar!
A obra também pode ser considerada a perfeita tradução da alma do povo brasileiro através da Bahia de Jorge Amado, com sua gente e seus deuses quase humanos. Uma Bahia acima de tudo sincrética, povoada por negros, mulatos e brancos que se ajoelham nas igrejas e dançam nos terreiros, com a mesma devoção e total sinceridade.
O sincretismo na Bahia não é questão de raça ou de fé, mas sim um traço cultural, como podemos observar na associação entre orixás do candomblé e santos católicos.
Mas é nas ladeiras de São Salvador, onde comidas típicas de origem africana preparadas pelas mães-de-santo, respeitadas tias quituteiras, são servidas no dia da lavagem da igreja de Nosso Senhor do Bonfim, das homenagens a Iemanjá e a Nossa Senhora dos Navegantes, entre outras manifestações culturais e religiosas, como o Afoxé e a Corte do Congo, que consagram a cultura negra e o encontro do sagrado e do profano na Bahia de Todos os Santos.
Ê Bahia faceira... Pedaço da África no Brasil... Seu axé ganhou o mundo... Pelo talento de Jorge Amado a justiça de Xangô está feita!
No Coração, Um Obá Muito Amado!
Jorge Amado fez o mundo olhar o Brasil com mais admiração e respeito, ao retratar em suas obras um povo mestiço, alegre, festeiro e sensual. Foi quem melhor contou as histórias do povo negro da Bahia através de seus inesquecíveis personagens libertários e místicos, que transitaram com liberdade entre mundo o real e o imaginário. A partir dele não podemos mais pensar em nosso país sem as cores e o sensualismo, a mestiçagem e o sincretismo, a fibra e a alegria que inspiraram e deram identidade às suas obras imortais.
E como consagração a quem tanto fez e amou a "Raça Brasileira", Amado recebeu o título de Obá de Xangô pelas mãos de Mãe Senhora no Ilé Axé Opô Afonjá - terreiro dedicado ao orixá da justiça, da verdade, dos raios e dos trovões -, ocupando uma das doze cadeiras do conselho do Rei de Oyó, uma das mais altas condecorações do candomblé,
Rufem os tambores da Bahia em consagração ao "Obá muito Amado"!
E assim, sempre que houver injustiça, haverá também um Ojuobá - Os "Olhos do Rei" - a invocar Xangô que, pela força das suas armas ou pela inspiração do seu axé, fará justiça e cobrirá de verdade o seu povo... Povo que veio da África e contribuiu definitivamente para a formação da identidade da alma brasileira... Um povo cada vez mais destinado a "nascer, crescer... se misturar", e ser muito feliz!
Obá Amado, a Morada do Samba, em nome de toda a Nação Brasileira, agradece a você por sua obra, por defender essa raça da qual nos orgulhamos de fazer parte e continuaremos defendendo, com as armas de Xangô!
Kaô, meu pai...
Kaô Kabecile!

Axé!

Sidnei França - Carnavalesco

 

 
O rufar do tambor vai ecoar
Tenho sangue guerreiro, sou Mocidade!
A luz de Ifá vai me guiar
Ojuobá espalha axé, felicidade!
Kaô kabecile
Kaô, meu Pai Xangô!
Ouça o clamor de Ojuobá
É fogo! É trovão! É justiça!
E assim, cruzando o mar de Yemanjá
Aponta o seu oxé a nos guiar
Raiou o sol da liberdade a quebrar correntes
E nessa terra o negro vence
Com a proteção do rei de Oyó
Contra o preconceito ao seu povo
Conduz a mão que escreve um mundo novo
No Pelô... Salve a Bahia de São Salvador
Eu vou à capoeira, meu amor
Morada dos milagres, devoção e fé
Um grito de igualdade... Axé!
É magia...
Na mistura de raças surgiu
A pele morena, linda é a cor do Brasil
Na crença, um traço cultural
E pelas ruas o povo a cantar
É arte popular que faz emocionar, o Afoxé a embalar
No Ylê a sua luz brilhou
A mão de Mãe Senhora o consagrou
Eternizado, é coroado Obá de Xangô
Jorge... Orgulho da nação
Amado... Em cada coração
Feliz, o povo canta em oração!

 

Jorge, Amado Jorge (Imperatriz - 2012)

 

"Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do pão e a da liberdade, bati-me contra os preconceitos, ousei as práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui o oposto, o vice-versa, o não, me consumi, chorei e ri, sofri, amei, me diverti."
Jorge Amado (Navegação de Cabotagem, 1992)

Ave Bahia! Bahia sagrada!
1912. A lua prateada banha o céu de axé...
Eis a coroa de Oxalá, o Senhor da Bahia!
Venha nos proteger, meu Senhor do Bonfim!
Vem do mar a esperança... Litoral de magia... Iemanjá! Oferendas à rainha do mar!
"Ela é sereia, é a mãe-d’água, a dona do mar, Iemanjá"
Velas bailam ao som do vento baiano. Veleiros, canoinhas e jangadas, deixem-se levar.
"...cerca o peixe, bate o remo, puxa corda, colhe a rede
Canoeiro puxa rede do mar..."
Jorge, Amado Jorge... Eis aqui sua história, vida e memória!
Vai, criança baiana; descubra os segredos dessa terra.
Jorge conheceu fazendas, ruas, vielas,
Becos e guetos, tipos e jeitos.
- Quem quer flores? Frutas? - grita o vendedor.
- Olha o acarajé! - oferece a velha baiana.
Águas de Oxalá! Venha ver a Lavagem do Bonfim!
As letras lhe chegam num sopro. Um vento de liberdade em defesa do povo.
Ah... O Rio de Janeiro... Nova casa do rapaz escritor.
Graduado na vida e na universidade.
Na política, com o "coração vermelho", se engajou.
É a vida na capital. Amigos, papos e mulheres...
Ah... As mulheres... Vida perfumada e sensual...
Bares e cabarés... Eis a malandragem, o primeiro livro: o "país do carnaval".
Primeiros romances. Romances da guerreira e apimentada Bahia, sua eterna paixão.
O ciclo do cacau, grande inspiração.
Viver nas areias da história e sonhar em ser capitão.
Um ideal. O valor do homem. O reconhecimento da valente alma do povo.
Vivência e personagens se confundem. Verdadeiros baianos traduzidos nos folhetins.
Onde está a liberdade?
Essa é a "Bahia de todos os santos", de toda gente! Gente brasileira.
Doce amor, doce flor. Amiga, companheira, parceira de letras e caminhadas
Que o segue fielmente pelo "sem fim" do mundo.
Retornar a sua origem... Os passos rumo à alvorada da literatura.
Rumo à consagração: premiado e Amado. De farda e fardão.
Busca no tempero de Gabriela os sabores da vida. O aroma da crônica do interior.
A brisa que balança as madeixas da morena embala palavras ao encontro de Dona Flor.
Tieta do "chão dos prazeres", do agreste. Tereza Batista, "fonte de mel".
Mulheres e "milagres" do Nordeste.
Jogue a rede, pescador! Traga do mar de memórias as palavras inspiradoras.
Hoje o capitão é Jorge Amado. Capitão de sua navegação. "Navegação de Cabotagem".
Misticismo e miscigenação, a alma desse chão.
Que Exu nos permita caminhar! "Se for de paz, pode entrar."
Okê Arô Oxossi! Salve todos os Orixás! Joga búzios, canta a reza!
Kaô kabesilê! Kaô meu pai Xangô! Jorge é obá no Ilê Axé Opô Afonjá!
Ora iê iê Oxum! Mãe de Mãe Menininha do Gantois, amiga na fé, axé!
É festa na ladeira do Pelô! É festa na Bahia! Fervilha a mestiça terra de Jorge!
A Magia dos Filhos de Ghandi... É energia do sangue nordestino...
Tocam atabaques e alabês. O Pelourinho estremece! Vem descendo o Ilê Aiyê!
É o tambor! É a força do ritmo! É o som do Olodum!
Venham, amigos queridos! Amada família do escritor, venha conosco cantar!
100 anos do nascimento de Jorge Amado... Comemora a Imperatriz Leopoldinense!
De alma e coração, vamos todos brindar ao mestre das letras!
Sentadas sob a sombra da copa de uma grande árvore, suas palavras vão para sempre descansar...
Jorge, Amado Jorge...
Muito obrigado!
Hoje, a ti canto e me declaro:
sou mais um gresilense apaixonado!

Presidente: Luiz Pacheco Drumond
Carnavalesco: Max Lopes
Direção de Carnaval: Wagner Araújo
Texto e desenvolvimento: Max Lopes e Gabriel Haddad]

 

Enredo: Jorge, Amado Jorge
Autores: Jeferson Lima, Ribamar, Alexandre D'Mendes, Cristovão Luiz e Tuninho Professor

Ave, Bahia sagrada!
Abençoada por Oxalá!
O mar, beijando a esperança,
Descansa nos braços de Iemanjá
Menino amado…
Destino bordado de inspiração.
Iluminado…
Vestiu palavras de fascinação

Olha o acarajé! Quem vai querer?
Temperado no axé e dendê (bis)
Quem tem fé vai a pé… Vai, sim!
Abrir caminhos na Lavagem do Bonfim

(No Rio...) O vento soprou
As letras em liberdade
Joga a rede, pescador!
O povo tem sede de felicidade.
A brisa a embalar
Histórias que falam de amor
Memórias sob o lume do luar
O doce perfume da flor
Ê Bahia! Ê Bahia!
Dos santos, encantos, magia.
Kaô Kabesilê! Ora Iê Iê Oxum!
Tem festa no Pelô
Na ladeira, capoeira mata um

Sou Imperatriz! Sou emoção!
Meu coração quer festejar! (bis)
Ao mestre escritor, um canto de amor
Jorge Amado, Saravá!

© Diretório Acadêmico de Letras da Faculdade Ages, 2010-2012

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