"Ao ser o que somos, o somos na linguagem"

I Semana de Estudos Literários

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira (10/04)

“Poesia e Contemporaneidade: que poética é possível no século XXI?”

 

Café Filosófico

Aud. José Fernando

Quarta-feira (11/04)

“Poesia e Estudos Humanos e Sociais”

 

Oficinas:

 

I) Oficina de Linguística

“Poética e Análise do Discurso: um diálogo é possível?”

 

II) Oficina de Literatura

“Poesia Antropofágica e Identidade Nacional: o que o modernismo tropical brasileiro ainda tem a dizer?”

 

III) Oficina de Produção de Texto

“Poesia e Produção Científica: em que sentido podemos falar de uma poesia-instrumento com valor lógico-científico e textual-argumentativo?”

 

IV) Oficina Interdisciplinar

“Poesia e Ciência Jurídica: o que os poetas e os juristas têm em comum?”

Quinta-feira (12/04)

“Poesia e Ensino: que percursos teóricos e vivências práticas podem sedimentar o diálogo entre linguística, estética e didática?”

 

Mesa Redonda

Anfiteatro Eiffel

Sexta-feira (13/04)

“Poesia e Identidade Local: o valor da poética no trabalho de resgate da cultura e da história de Lagarto-SE”

 

Conferência

Aud. Orlando Carvalho

Sábado (14/04), Manhã

“Poesia e Crítica: é possível falar em cientificidade da análise poética?”

 

Mesa Redonda

Aud. José Fernando

Sábado (14/04), Tarde

“Poesia e Sociedade Técnica: fora do lirismo há salvação?”

 

Café Filosófico

Aud. José Fernando

O QUE É QUE A POESIA TEM?

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Ex-pressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história, em seu seio resolvem-se todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras. Imitação dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da Idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho, atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!

[...] Cada poesia é única. Em cada obra lateja, com maior ou menor intensidade, toda a poesia. Portanto, a leitura de um só poema nos revelará, com maior certeza do que qualquer investigação histórica ou filológica, o que é a poesia. Mas a experiência do poema – sua recriação através da leitura ou da recitação – também ostenta uma desconcertante pluralidade e hotorogenia. Quase sempre a leitura se apresenta como a revelação de algo alheio a poesia propriamente dita. [...] Cada leitor procura algo no poema. E não é insólito que o encontre: já o trazia dentro de si.

Octavio Paz

 

Tudo o que o homem fez de grande deve-o ao sentimento doloroso de que o seu destino é incompleto. Os espíritos medíocres, na sua generalidade, sentem-se bastante satisfeitos com a trivialidade da vida; preenchem, por assim dizer, a existência e suprem o que sentem que ainda lhes falta com as ilusões da vaidade; mas o que existe de sublime no espírito, nos sentimentos e nas ações nasceu da necessidade de escapar aos limites que cerceiam a imaginação. O heroísmo da moral, o entusiasmo da eloquência e a ambição da glória proporcionam prazeres singulares dos quais apenas as almas simultaneamente exaltadas e melancólicas necessitam, almas fatigadas de tudo o que tem uma medida, de tudo o que é passageiro, enfim, de tudo o que significa um limite, seja qual for a distância a que se encontre.

Madame de Stäel

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